SÍNDROME DO PÂNICO

12/04/2013 23:26

A Síndrome do Pânico (SP) é descrita em manuais de psiquiatria geralmente como Transtorno do Pânico (TP). Estudos de populações têm encontrado dados que mostram que cerca de 1,5 a 5% da população apresentam TP (até 1 em cada 20 indivíduos). O Transtorno do Pânico é caracterizado pelo medo ou ansiedade persistente de vir a ter novos ataques de pânico (AP). Os AP chegam a ocorrer em 3 a 5,6% dos indivíduos da população geral. Estes são episódios de ocorrência súbita, inesperada e sem fator desencadeante, caracterizados por sintomas físicos (palpitações, falta de ar, suor excessivo, formigamentos e/ou tremores pelo corpo, tontura, vertigem, sensação de desmaio, palidez, diarréia, vontade de vomitar, dificuldade para mover pernas ou braços) e/ou sintomas mentais (angústia extrema, terror, medo de morrer ou de enlouquecer ou de perder o controle, sensação de "não ser real" ou de "não ser eu" ou de "estar fora do corpo") que duram de minutos a no máximo 1 hora seguidos por alívio dos sintomas. Como os ataques de pânico costumam serem recorrentes em horas, dias ou semanas, o indivíduo pode vir a desenvolver um medo ou uma angústia de vir a ter novos ataques no futuro. Ao quadro de medo ou angústia persistente que se instala de forma a trazer prejuízos na vida do indivíduo denominamos Transtorno de Pânico.

O TP ainda é classificado em dois outros subtipos: Com Agorafobia e Sem Agorafobia. A agorafobia se caracteriza por um medo ou ansiedade recorrente relacionada a locais ou situações específicas (ex.: reunião de pessoas, encontros sociais, encontros de trabalho, supermercado, parques, auditórios, andar de automóvel ou ônibus, etc..). Esse medo ou angústia provém de um receio que o indivíduo desenvolve de vir a apresentar novos ataques de pânico. É comum que indivíduos com agorafobia evitem frequentar tais situações ou locais, pois temem ter novos ataques de pânico.

Geralmente os indivíduos que apresentam AP buscam emergências médicas clínicas, pois acreditam estar apresentando situações orgânicas graves (ex.: infarto agudo do miocárdio ou "infarto", acidente vascular cerebral ou "derrame", mal estar geral, dor abdominal ou "de barriga"). Estes indivíduos são, então, investigados por médicos clínicos através de entrevista e exame físico, exames de sangue, eletrocardiograma e radiografias ou "raio X". Após estas investigações, doenças mais graves são excluídas e orienta-se o paciente a buscar a avaliação de um profissional da psiquiatria ou psicologia.

Portanto, há um sofrimento, há a percepção de dor ou desconforto de diversas formas distintas, contudo não se identifica nenhuma causa orgânica para tal quadro. Assim, o encaminhamento ao profissional da saúde mental é realizado com a perspectiva de que o quadro possa ser aliviado através de tratamentos nestas áreas.

Os tratamentos consistem em psicoterapia e/ou uso de medicações, dependendo o grau de severidade dos sintomas e da disponibilidade do paciente aos tratamentos. Dentre as diversas técnicas psicoterápicas existentes, destaca-se a terapia cognitiva e comportamental. Esta técnica costuma ser utilizada na fase aguda e em parte da fase de manutenção do transtorno. Associa-se também a técnica de psicoterapia psicodinâmica dependendo dos objetivos do tratamento de cada paciente. Em relação ao tratamento medicamentoso, costuma-se utilizar medicações que agem como inibidores seletivos na recaptação de serotonina (ISRS). Como exemplo dessas medicações, podemos citar Fluoxetina, Paroxetina, Citalopram, Escitalopram, Sertralina, Fluvoxamina entre outros. É comum associar-se essas medicações ao uso de medicamentos do grupo dos benzodiazepínicos, principalmente no início do tratamento. Exemplos desses últimos são Clonazepam (Rivotril), Alprazolam (Aprax, Frontal), Bromazepam (Lexotan), Diazepam (Diampax, Valium), entre outros.

Em geral, os benzodiazepínicos conseguem oferecer um bom controle dos ataques de pânico já no início do tratamento. Contudo, não são medicações recomendadas para serem utilizadas por períodos maiores que algumas semanas. Por isso, eles geralmente são utilizados por 3 a 4 semanas, juntamente dos ISRS e, depois, interrompidos. Após este intervalo, mantém-se o tratamento com ISRS e espera-se que estes já estejam controlando os sintomas, mesmo que de forma parcial. Os ISRS podem levar até 4 a 6 semanas para aliviarem os sintomas de ansiedade, tais como os ataques de pânico. O tratamento é longo (de meses a anos), dependendo do caso a ser tratado.

As pessoas que sofrem com o transtorno de pânico tendem a responder muito bem ao tratamento instituído e, muitas vezes, conseguem atingir a remissão completa dos sintomas (30 a 40% dos casos). A maioria (em torno de 50%) passam a apresentar sintomas leves o suficiente para não afetar sua vida de modo significativo. Entretanto, cerca de 10 a 20% dos casos continuam a ter sintomas significativos, apesar do tratamento instituído. Nos casos de TP com agorafobia, o tratamento do TP geralmente melhora a agorafobia ao longo do tempo. Os casos de agorafobia sem evidência de TP costumam ter um curso crônico e, muitas vezes, incapacitante.